Empreendimentos Solidários e Movimentos Sociais.
Entenda o que são empreendimentos solidários e movimentos sociais e como eles se encaixam na carreira de um gestor público.
Raira Rezende Daliberto
14/Nov/2019
Vivemos em uma sociedade em que os serviços e a vida comum estão constantemente mais centralizados. A consequência disso é a exclusão social, um processo pelo qual indivíduos ou grupos são total ou parcialmente excluídos de participarem da sociedade em que vivem. Esses processos de vulnerabilidade e até rompimento dos vínculos sociais formam um ciclo que se demonstra difícil de ser quebrado.
Porém, recentemente, essa problemática ganha uma nova luz ao incluirmos em seu contexto o empreendedorismo solidário, que se difere do empreendedorismo comum por ter um foco menor no lucro financeiro em comparação ao foco que empresas tradicionais possuem, pois o lucro excedente geralmente é reinvestido no próprio empreendimento, o que facilita a inserção desses grupos marginalizados de volta ao mercado. Segundo Leandro Pereira Morais, doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas, essas iniciativas precisam de apoio de políticas públicas, podendo-se, assim, contribuir para um maior reconhecimento desse empreendedorismo e do seu desenvolvimento.
O profissional do Campo de Públicas consegue realizar essa comunicação entre o empreendedor, a sociedade e a máquina estatal, sendo um mediador com seus conhecimentos em administração pública e em identificar os problemas que se instalam politicamente, tanto no tocante a fenômenos sociais, como a formação de grupos marginalizados, quanto no tocante a problemáticas de gestão, como questões técnicas necessárias para a implementação e a sustentabilidade econômica da iniciativa.
Um ponto de observação importante aos interessados nessa área são os movimentos sociais, que podem ser propulsores para essas iniciativas empreendedoras que visam a auxiliar civis marginalizados a se inserirem de fato no mercado. É possível, também, aliar os movimentos sociais ao empreendedorismo solidário, relação em que o profissional do Campo de Públicas possui diversas formas de impactar positivamente.
Como a egressa do curso de Gestão de Políticas Públicas da EACH – USP Vanessa Caroline elucida, “no que diz respeito ao setor de atuação de movimentos sociais, há o entendimento de que o curso de Gestão de Políticas Públicas […] estabelece contribuições fortemente instituídas diante da necessidade de compreensão das nuances e dos caminhos próprios do setor público voltados diretamente para o auxílio e o atendimento ao enfrentamento das demandas dos grupos que necessitam de proteções de cunho social.”
Dessa forma, a carreira de gestor de políticas públicas, juntamente a outras do Campo de Públicas, que une interdisciplinaridade e ação, mostra-se amplamente capacitada para atuar nesse ramo emergente que conecta empreendedorismo e ação social, uma verdadeira política de impacto social que certamente traz melhorias para a sociedade, mesmo não estando completamente ligada à máquina pública.